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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Fosco cristalino


 A oportunidade é uma questão de visão, mesmo sentando num ônibus e cansado, quando me deparei com uma imagem tão pura e tão desafiadora resolvi escrever. Poema com cara de crônica. É como eu.

Aqueles olhos vazios
Sedentos de toda parte
Incalculáveis desvios
Seguros em baluarte

Aquelas pupilas arregaladas
Que consomem sem filtro o que passa
Da serena barricada
Não procura, involuntariamente caça.

Mal sustenta a vista
Pouco importa a paisagem
De vez, empina a crista
E aprecia a real miragem

Que será visto por essas pequeninas jabuticabas?
Terão por si sinestesia?
De ora, em tremeliques se gaba
De sua atual anacronia.

Queira Deus que permaneça ceguinha
Que enxergue não mais que a alma
Que não use óculos nem lentes
E permaneça no aconchego de sua fralda.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Maria




Mais uma Maria que se foi
Mas não era a Maria louca , nem rica
Não era Maria Madalena
Era Maria Mariquita.

Maria do batuque e capoeira
Dos animais e das crianças
Dos doces de leite e boa maneira
Das lambidas e das lambanças.

Do Carnaval na Espanha
Das sacolas dobradinhas
De quem perde e de quem ganha
Cães, gatos e galinhas.

Dos causos e histórias
No tempo da meninada
Das linhas, panos e costuras
- Faca na mão direita! Ensinava.

Da cabeça firme
Do corpo falho
Do espírito livre
E da história do alho.

Mas há uma pergunta que me inquieta:
Quantos setes de setembro são precisos
Para criar uma Mariquita?

Quanto tempo mexendo o taxo?
Assistindo à Copa
Dando comida aos gatos?

Se pensar bem, essa idéia não será esquisita.
É mais que justo o sete de setembro
Também ser dia de Mariquita.

E nesta tarde, mais uma estrela
Juntou-se ao anil da bandeira
E de lá, na cadeira que balança
Deu um nó em sua andança
De mãe, tia e guerreira
De Dona Mariquita, a brasileira.

R.I.P




segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Verossimilhança possível


E quando o acaso
Vivo até no sopro do vento
Frígido, o olha dos pés à cabeça
 Num sereno tormento.

Sua resolução não tem lastro
Palavras desconexas
O que sustenta o  mastro
São certezas não descobertas.

sábado, 23 de julho de 2011

Descanso

Um trago no osso
Que o embalo do enlace
Transborda o maço
Caixa, coroa, en pace.

Pelo fumo fomos tragados
Sumo em  fumaça que passa.
Seremos enfim condenados
Ou comigo acenderá mais uma trapaça?

Se faço sem rascunho
Se sequer olho pra trás
Deixem-me serrar os punhos
Deixem-me descansar em paz.


                                 R.I.P. AW

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Dose de Etileno


                                         " Amadurecer, morrer; é quase a mesma palavra."
 
                                                                                    Victor Hugo


Estranho pensar na brevidade da vida
Tempo perdido, ganhado, vivido.
Entremeio a estrada, múltiplas pegadas
De bons, de maus, de tudo.

Sonho vivido, pesadelo sonhado.
Cada um trás em si seus pecados
Bom ou mal é questão de opinião
Cada um trás em si uma imensidão.

Meias palavras, meias de crochê
Arrasto o peso do nome que ouso ter
Metamorfose? Saí da manhã e estou a entardecer
Neurose? Essas minhas rugas só eu posso ver.

Coito afoito
Arrebataram meu ser
Agora na lápide, repousa com as flores
Minhas meias de crochê.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Surreal-mente

Cai gota a gota
Essa chuva imaginária
Minha flor desbota
O sol é a luminária.

Saio com minha capa
Com luvas e galocha
Mas como um repugnante tapa
A realidade de mim debocha.

Será que não veem a nuvem negra
Que paira sobre minha cabeça
E em densas gotas desintegra
Fazendo com que meu dia anoiteça?

Ou fruto da minha mente
Essa chuva que cai transparente
Lavando meu interior consciente.
Caia chuva! Eternamente.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Requiem para meu passado

Deixo aqui o que já deixei há um tempo
Vivi superficialmente cada momento
Fui levando-me com o vento
Onde está o arrependimento?

Talvez tenha me faltado sagacidade
Talvez tenha me faltado a verdade
Mas não escondo por maldade
Escondo, para pelo menos de mim ainda sentir saudade.

Não escrevi nenhum poema elaborado
Sequer tive tempo de estar acordado
O tempo que passei dormindo atormentado,
Foi o medo de não ter  me encontrado.

E mesmo perdido nesse mar turvo
Meu corpo em pedaços miúdos
Sempre se faz novo
Pois meu coração está como a ave de fogo, vivo.

domingo, 15 de maio de 2011

Nunca conheci o amor


                                Não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade.
                                                                                                                      Albert Camus

Eu nunca conheci o amor. Você deve estar pensando “Nossa! Nunca conheceu o amor?”. Mas eu realmente não recebo visitas desse ilustre personagem da vida de quase todos.

Ah! Como eu queria amor, nem que fosse só a beirinha de um.

Deitado na cama à noite
Minha vontade de alguém cresce
Pinga com um conta-gotas minha sorte
E mais que nunca, minha noite anoitece.

Na guisa de um chamado, recado
Até mesmo um espanto
Como um cão amedrontado
Permaneço no meu canto, santo.

Ninguém pra me abraçar, acolher
Declarei-me para meu querido Alter
Ego
Penso ser louco esse eu que não me entrego.

Caio nos braços do sono
Tão quentes, tão vigorosos
Pena serem também um engano
Esses apaixonantes sonhos amorosos.

domingo, 24 de abril de 2011

Mundo ensina

Tenho em meu lar o univeso
Tudo escrito na folha branca das paredes
Mas lá tudo é inverso
Os grandes mistéros do mundo ainda estão verdes.

Quanto dói um gole de álcool
Tapear, estapeada... coitada!
O urso de pélucia é guardado no formol
A menina, franzina, quase morreu embebedada.

Se quer notícias das paredes, pode esquecer
Há muito tempo  se voluntariaram surdas
E ainda sofrem de visões turvas
Mas a menina, há de um dia amadurecer.

sábado, 12 de março de 2011

Pequenas coisas

Passo um traço
No compasso que o laço
Traz ao acaso

Deito e morro
No jorro
Escorro

Fim da linha
Sozinha
Alma minha

Tanto pranto
Arrebata-me
O espanto

Nada vivi
Nada tenho
Contenho

Firme e forte
Certeza
Morte

Calo e consinto
Disfarço
Não minto

Preto no branco
Não passei de um mero
Entanto.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

Incondicional

As palavras perfeitas
Nunca cruzaram minha mente
Somente desfeitas
Erros inconscientes.

Me perdoe se digo
As verdades em mentira
Não finjas esse sorriso
Desarmes dos olhos essa mira.

Para que esconder
O que a alma grita?
Mais duro é sofrer
Uma dor infinita.

Leve contigo esses ares do norte
Leve contigo essa pedra de gelo
Desgosto hei de tê-lo
Mas a ti, não permitas a sorte.