A oportunidade é uma questão de visão, mesmo sentando num ônibus e cansado, quando me deparei com uma imagem tão pura e tão desafiadora resolvi escrever. Poema com cara de crônica. É como eu.
Aqueles olhos vazios
Sedentos de toda parte
Incalculáveis desvios
Seguros em baluarte
Aquelas pupilas arregaladas
Que consomem sem filtro o que passa
Da serena barricada
Não procura, involuntariamente caça.
Mal sustenta a vista
Pouco importa a paisagem
De vez, empina a crista
E aprecia a real miragem
Que será visto por essas pequeninas jabuticabas?
Terão por si sinestesia?
De ora, em tremeliques se gaba
De sua atual anacronia.
Queira Deus que permaneça ceguinha
Que enxergue não mais que a alma
Que não use óculos nem lentes
E permaneça no aconchego de sua fralda.
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