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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Remédio Amargo




Deixe-me queimar na chama
Ferir na lâmina
Cair no poço
Engolir o seco
Quebrar a cara
Furar no prego
Chutar o balde
Morder a língua
Derramar o leite
Afundar na areia
Atolar na lama
Passar batido
Sofrer sem motivo
Chorar lágrimas secas
Morrer na praia
Cortar os pulsos
Andar com meus passos
Pensar com meu ímpeto
E sonhar com meu travesseiro.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Reflexo no fundo do lago turvo


Escrevo porque morro
Pereço,  findo
E por eus percorro.

No traço do estilete
Cada signo em meu peito
Escorre o sangue da gilete

E na agonia poética
Da sinfonia de cordas quebradas
Da melancolia fonética

O poeta se mutila
Em pedaços semânticos
Perde-se, exila

O cheiro do tempo
Guardado na gaveta
Perdido como documento

Dos tantos que sou
E do pouco que eu
Já se acabou

Na busca incessante
Do si nesse roteiro
Só acho personagens na estante

Dos livros em que vivo
Morrendo por ser
O mero atrativo.